O assunto desse post surgiu de uma matéria que fiz, sobre o fim da temporada de inverno de 2010 em Campos do Jordão. Cinco entidades representativas se uniram para discutir os efeitos da temporada, o que foi bom ou ruim. A declaração, unânime na mesa de reunião, foi de que a temporada foi abaixo do esperado, o público mudou, e as expectativas não foram atendidas. Os motivos? Cada qual atribuiu o seu. Além dos representantes das entidades (Associação Comercial e Empresarial, Asstur, Central de Pousadas, Convention Bureau e Grupo Cozinha da Montanha) alguns comerciantes de segmentos variados também expressaram suas opiniões. A matéria foi publicada em dois veículos da cidade: no Jornal Tribuna e no Jornal do Comércio.
Reflexos da matéria
Dia desses da semana passada recebi um e-mail. Pra contextualizar: Existe um Guia Turístico em Campos, uma revista muito bem elaborada porém 100% comercial, sem aspectos jornalísticos ou afins, e que circula faz anos na cidade. O editor da revista tem seus méritos e sou admiradora daquele trabalho específico dele, apesar de ter ideias bem mais inovadoras a respeito, embora não pense em transformar em ação tão ja, pelo simples motivo de outras prioridades. Outro dos 'serviços' dessa pessoa é um e-mail que é encaminhado para uma lista e entitulado 'Jornalismo Puro'. Uma vez por semana, em média, uma nova notícia é veiculada. E uma das últimas foi justamente sobre minha matéria do saldo da temporada. A declaração, que considerei infeliz, foi alvo de uma matéria posterior no Jornal Tribuna com a manchete "Cala a Boca Castelfranchi", com a opinião do veículo junto com uma carta do leitor, um turista que ficou indignado também com a declaração sem propósito e sentido, apenas pra polemizar e sem objetivo algum de agregar.
Vou colocar alguns trechos da 'matéria/e-mail', pra posteriormente fazer minha análise. Como jornalista, mas acima de tudo como cidadã. Tomei a liberdade de negritar algumas partes, que faço questão de dizer que me 'chocaram'.
'Jornalismo Puro' - trechos reproduzidos de e-mail recebido
"... Estou até freqüentando uma psicóloga para tentar me desligar dos problemas da cidade e poder me dedicar mais à minha família e meus negócios. Mas não tem jeito. Algumas coisas, por mais que eu tente ignorar e me conter, inclusive para não criar inimizades, quando podem comprometer Campos do Jordão, eu não consigo ficar quieto.
Dessa vez foram algumas declarações negativas que, além de sair insistentemente da boca de alguns empresários, que apenas falam por falar, mas que infelizmente acabaram sendo publicadas em um jornal local. Eu já estou cansado de repetir que notícias ruins sobre Campos do Jordão, se existirem, devem ser mantidas entre quatro paredes e bem fechadas.
Afinal, todos sabem, dependemos de nossa imagem para sobreviver.
Por uma infelicidade o presidente de uma entidade, recentemente empossado, declarou numa entrevista que o nível do frequentador e o movimento de Campos do Jordão caíram. O que é isso meu amigo? Que fora! Como é que pode o presidente de uma entidade que, supostamente, deve unir, promover e vender Campos do Jordão, falar mal do produto que ele pretende vender? Erro básico e inaceitável de um vendedor.
Nem que fossem verdades, essas conclusões (tiradas de experiência própria ou pesquisas amadoras) poderiam ser divulgadas. Eu mesmo conversei com alguns dos melhores empresários da estância dizendo que notaram, sim, alguma mudança, mas estão muitos satisfeitos com o movimento que tiveram.
Que benefício declarações como essas vão trazer? ... ...
....' ... Tem mais, no meio, depois, enfim. Mas o pouco basta pra reflexão.
Opinião, sobre fatos e versões
Como assim uma pessoa diz que está cansado de dizer o que deve ou não ser publicado sobre a cidade? Espera um pouco! Censura? Rei? Coronel? Deus?
Em que mundo estamos?
E é melhor manter as verdades escondidas? Quantos anos faz que Campos do Jordão joga a sujeira debaixo do tapete, tendo sua realidade camuflada pelo que aparece na mídia? Não está na hora dessa mentalidade mudar? Será que se as pessoas tiverem acesso a informações reais, boas ou ruins, não é mais fácil chegar a uma solução?
É preciso ter ciência que o turista não é um idiota, e que sim, ele percebe a sujeira escondida debaixo do tapete. Não adianta divulgar a informação que tudo está perfeito e vivemos nossa melhor temporada porque quem visita a cidade percebe a diferença dela hoje e anos atrás no mesmo período . O turista percebe os buracos nas ruas, o lixo que se acumula nas lixeiras do centro, o descaso com que o município vem sendo administrado.
Não sou política, não sou situação e nem oposição. Apolítica e apartidária, defendo o bem comum, a sociedade e a cidade. A questão não é dizer que está ruim pra atacar X ou Y, mas pra deixar claro que sim, essa é a situação atual. E o fato de divulgar, colocar o dedo na ferida, mostra vontade de buscar ajuda pra mudar o cenário que não agrada.
Nem que fossem verdades poderiam ser divulgadas? Já me basta ter ouvido em uma reunião dia desses a frase 'Se nós não temos esse número real de visitantes que frequentam a cidade chegamos a um número juntos e fazemos virar uma verdade.' Espera! Como assim fazer virar verdade? Como assim nem que fosse verdade poderia ser divulgado? Como assim não é verdade? Qual é a verdade?
Devo estar enlouquecendo. Só pode.
Conclusão...
Quanto hipocrisia. Quanta sujeira encalacrada debaixo do tapete. Quante gente olhando pro próprio umbigo e sem vontade alguma de fazer algo pela cidade, que envolve comunidade, e sim pensando só no próprio bolso. Quanta ganância. Chega a dar nojo.
Chegaremos a algum lugar assim?
Não acredito, sinceramente. Ainda aposto na verdade. Trabalhar com os fatos pode ajudar a chegar a uma solução. O contrário não trará soluções, e sim mais problemas, mascarados, escondidos, camuflados, como tantos.
O post é apenas a descrição de uma situação, e uma questão de opinião.
Há os que devem concordar em negar os fatos. Respeito a opinião alheia, mas não apoio, e não me calo. Pronto falei.